VISITAS

segunda-feira, 31 de março de 2014

30 e 31 de MARÇO DE 1.964 - FIM DA LINHA ... FIM DE JANGO ... ENFIM ...


Num intervalo de 17 dias, entre os dias 13 e 30 de Março de 1964,o Presidente João Goulart conseguiu avançar de modo competente para um penhasco, cuja trilha ele mesmo construiu.

Um Presidente fraco, cercado de bons conselheiros, mas a quem não ouvia, péssimos palpiteiros a quem se deixava levar, personalidade sofrível, um cunhado em ebulição ( Leonel Brizola ), um oficialato militar revoltado com sua postura agônica, economia trágica.

O que mais faltava ?

Há poucos dias havia sido solidário com marinheiros e sargentos sublevados e promovido um patrocínio a uma quebra de hierarquia dentro da Marinha, sem precedentes.

Estava tudo programado pelo Presidente.

Na noite de 30 de Março de 1964, discursaria para um auditório de suboficiais e sargentos reunidos no Automóvel Clube, na Cinelândia, Rio de Janeiro. Ele estava disposto a consolidar-se no poder. Achava que aquele era o seu momento.

Havia sido aconselhado. Não ouviu.

Estacionou sua Mercedes em frente ao Automóvel Clube. Foi saudado pelos sargentos.
O personagem mais aplaudido da noite foi cabo Anselmo. Recebeu um enorme abraço do ex-comandante do Corpo de Fuzileiros Navais, Cândido Aragão, " um Almirante do Povo ".




Jango iniciou seu discurso quando já se passava das 22h de 30 de Março.

Resolveu improvisar na parte decisiva do discurso !!!





" A crise que se manifesta no país foi provocada pela minoria de privilegiados que vive de olhos voltados para o passado e teme enfrentar o luminoso futuro que se abrirá à democracia pela integração de milhões de patrícios nossos ".

" Quem fala em disciplina, senhores sargentos, quem a alardeia, quem procura intrigar o Presidente da República com as Forças Armadas em nome da disciplina são os mesmo que, em 1961, em nome da disciplina e da pretensa ordem e legalidade que eles diziam defender, prenderam dezenas de sargentos ".

Pronto !  Jango conseguiu ! Fez um discurso incendiário.



Ouça o Link:

https://www.youtube.com/watch?v=KosJaM65WZc.



Veja o Link da Capa do Jornal Folha de S.Paulo de 30 e 31 de Março de 1964:

http://acervo.folha.com.br/fsp/1964/03/30/2//4448373

http://acervo.folha.com.br/fsp/1964/03/31/2//4448415


Às 23:30h, Jango estava de volta ao Palácio das Laranjeiras.

No início da madrugada de 31 de março de 1964, por volta das 02h, em Juiz de Fora, Minas Gerais, o General Olympio Mourão Filho, Comandante da 4ª Região Militar, resolveu !




Anotou em seu diário, às 03:15h de 31 de Março:

" Vou partir agora para a luta às 05 horas da manhã, dentro de 1 hora e 50 minutos, em más condições, portanto, porque serei obrigado a parar no meio do caminho e o Exército inteiro vem contra mim, como aconteceu em São Paulo em 1932. Ninguém me prenderá. Morrerei lutando. "

A essas alturas, Mourão já havia chamado a Juiz de Fora, o General Antônio Carlos Muricy para comandar a tropa.

Mourão inicia a sequência de telefonemas que efetivariam o contragolpe.

1ª ligação para o deputado Armando Falcão;

2ª ligação, o deputado liga para o Chefe do Estado-Maior, Castello Branco;

3ª ligação, o General Castello liga para o irmão e pede que o mesmo desse avise  Amaury Kruel, de São Paulo;

4ª ligação, o General Castello liga para o banqueiro José Luís de Magalhães Lins, sobrinho do Governador Magalhães Pinto; o Governador pediu para avisar que o movimento não tinha volta.

Castello Branco chega ao seu gabinete às 10h.

Por volta das 16h, Castello sai do prédio do Ministério da Guerra junto com Ernesto Geisel.

Às 17h, as tropas comandadas pelo General Muricy estavam paradas na Estação Paraibuna. Costa e Silva estava muito reticente.

Kruel até esse momento, paralisado !!  Todos aguardavam alguma manifestação de Amaury Kruel.

Nada ...

Jango estava lá, inerte, vacilante e dentro de um imobilismo que funcionou como detergente para as forças que o apoiavam.

Finalmente, por volta das 22h de 31 de Março de 1964, Amaury Kruel liga para o amigo Jango e pede para que o Presidente rompa com a esquerda.

Pede que demita o Ministro da Justiça Abelardo Jurema e Darcy Ribeiro do Gabinete Civil.

Jango respondeu rispidamente:

" General, eu não abandono os meus amigos. Se essas são as suas condições, eu não as examino. Prefiro ficar com as minhas origens. O senhor que fique com as suas convicções. Ponha as tropas na rua e traia abertamente ".

Kruel aderiu !

Para reverter a situação, Jango precisava golpear o Congresso Nacional, intervir nos governos de Minas Gerais, São Paulo e Guanabara, expurgar uma parte da oficialidade das Forças Armadas, censurar a imprensa, amparar-se no " dispositivo ", na suboficialidade e na máquina sindical filocomunista.

Demais para um Jango só !!!

Assim terminou o cenário em 31 de Março de 1964.













 

Nenhum comentário:

Postar um comentário